RESUMO
O desenvolvimento de projetos pode ser uma prática a fim de integrar as áreas do saber, assim, a presente pesquisa tem por objetivos se apropriar do conhecimento acerca das atribuições da coordenação pedagógica no âmbito escolar, abordando assim a possibilidade da articulação entre as disciplinas na organização de projetos. Como recurso metodológico para alcançar os objetivos, buscou-se a pesquisa de referenciais teóricos que possibilitassem a construção de ideias que interliguem a realidade dos Anos Finais do Ensino Fundamental, a possibilidade de desenvolvimento de projetos e as contribuições da coordenação pedagógica nesse contexto.
Apesar da restrita bibliografia encontrada sobre o desenvolvimento de projetos nos Anos Finais do Ensino Fundamental e, documentos sobre as atribuições da coordenação pedagógica, esta aparece como uma função de grande importância no fazer pedagógico, a fim de articular a prática de projetos, visando o rompimento da prática fragmentada do currículo por disciplinas.
Palavras-chave: Ensino Fundamental. Anos Finais. Projetos Interdisciplinares. Coordenação Pedagógica.
ABSTRACT
The development of projects can be a practice in order to integrate the areas of knowledge. Thus, the present research aims at appropriating knowledge about the attributions of pedagogical coordination in the school context, thus addressing the possibility of articulation between the disciplines in the organization of Projects. As a methodological resource to achieve the objectives, we sought to research theoretical frameworks that would allow the construction of ideas that interlace the reality of the Final Years of Elementary Education, the possibility of developing projects and the contributions of pedagogical coordination in this context. In spite of the restricted bibliography found on the development of projects in the Final Years of Elementary School, and documents on the attributions of pedagogical coordination, this appears as a function of great importance in the pedagogic doing, in order to articulate the practice of projects, aiming at the disruption The disciplined practice of curriculum by subject.
Keywords: Elementary Education. Final Years. Interdisciplinary Projects. Pedagogical Coordination.
INTRODUÇÃO
O enfoque principal deste artigo é o papel da coordenação pedagógica na articulação de projetos interdisciplinares nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Assim, partindo da hipótese de que o desenvolvimento de projetos pode ser uma prática a fim de integrar as áreas do saber, a pesquisa tem por objetivos se apropriar do conhecimento acerca das atribuições da coordenação pedagógica no âmbito escolar e sua responsabilidade na possibilidade de articulação entre as disciplinas na organização de projetos.
Como recurso metodológico para alcançar os objetivos, buscou-se a pesquisa de referenciais teóricos que abordam a temática. A partir das contribuições de Vasconcellos(2011), Morin(2005), Hernández(1998), entre outros, procurou-se identificar elementos que possibilitassem a construção de ideias que interliguem a realidade dos Anos Finais do Ensino Fundamental com a possibilidade de desenvolvimento de projetos e as contribuições da coordenação pedagógica nesse contexto.
Ao iniciar os Anos Finais, os alunos costumam apresentar dificuldades de adaptação, pois passam de um professor regente (e no máximo mais dois que atuam com os saberes complementares) para um número bem maior de professores do ensino globalizado, ocorrendo a divisão do currículo por disciplinas, organizadas em períodos, com cargas-horárias diferentes e ainda, dinâmicas de trabalho diferentes do que estavam acostumados. Dessa forma, é necessário haver uma boa 3 articulação da Coordenação Pedagógica com professores das etapas do Ensino Fundamental, em especial do 5ºano, para promover a transição de forma mais tranquila, evitando assim uma ruptura que possa comprometer a aprendizagem.
Há muito tempo se refere à organização curricular dos Anos Finais como um conjunto de “gavetas” separadas. Essa realidade existe e é preciso refletir a respeito. Se os educadores percebem e apresentam dificuldades em ultrapassar as fronteiras, os educandos se quer conseguem visualizar a totalidade e relacionar uma temática estudada em Geografia com a Matemática ou Ciências, por exemplo.
Cada disciplina que compõe os currículos escolares está organizada dentro de suas especificidades, porém, verifica-se que estes currículos apresentam temas comuns em mais de um componente curricular e que professores abordam os mesmos temas, com as mesmas turmas, em disciplinas diferentes. É vital para a aprendizagem que ocorra a ligação entre as áreas do saber.
Morin (2005, p.40) afirma que “a fronteira disciplinar, com sua linguagem e com os conceitos que lhe são próprios, isola a disciplina em relação às outras e em relação aos problemas que ultrapassam as disciplinas”.
É preciso promover a comunicação entre estas disciplinas, para que os educandos possam construir seus conhecimentos com a visão holística, com o conhecimento do todo e não a partir dos saberes fragmentados. Porém, não se trata de eliminar as disciplinas e sim, de possibilitar uma interrelação, uma comunicação entre as mesmas, assim, como propõe Morin (2002, p.51), que a disciplina “seja ao mesmo tempo aberta e fechada”.
Faz-se necessário a elaboração de uma proposta que permita um diálogo constante entre as áreas do saber, possibilitando ao educando uma visão do todo e assim, contemplar a diversidade de temas comuns entre as áreas. Esta visão provoca os estudantes a levantar hipóteses, resolver problemas, construir aprendizagens.
É preciso considerar a vivência dos alunos, suas experiências e sua realidade social, para assim compreender o lugar e a si mesmos, construindo sua própria identidade. E, a partir dessa identidade, reconhecer as influências de outras culturas e das diversas formas de conhecimento.
A necessidade de relacionar conceitos ensinados pelas disciplinas sempre esteve presente nas discussões sobre como ensinar na Escola. Existem diversas 4 propostas e argumentos a favor e contra esses métodos ou proposições. Ao longo da história e ainda hoje se fala sobre diferentes concepções de projetos.
O termo “projeto” não é novo. Hernández (1998, p.67) afirma que isso ocorre porque “o conhecimento e a experiência escolar não são interpretadas” de maneira unívoca pelos agentes educativos.
Os projetos permitem que os alunos se envolvam na escolha dos temas a serem pesquisados, isso serve como motivação para a aprendizagem, instigando a buscar informações, selecionar, pesquisar, analisar, interpretar e socializar. Os projetos não se configuram em método e sim uma concepção de Educação e Escola, que possibilita a interpretação da realidade, o conhecimento de si, do lugar e do mundo onde vivem.
É a partir de questionamentos, da busca por respostas, por diversas fontes é que os alunos passam a interpretar os significados e as transformações que ocorrem, e com que os indivíduos de diferentes culturas e tempos históricos dotam a realidade de sentido (HERNÁNDEZ, 1998).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da realização deste levantamento bibliográfico, constata-se que pouco se tem escrito sobre as possibilidades de desenvolvimento de projetos para promover a interdisciplinaridade entre as áreas do saber nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Na prática, o que se percebe é que projetos são mais comuns nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental devido haver uma facilidade maior no trabalho destes por ter uma organização do Ensino de forma globalizada. nos Anos Finais, a dificuldade de interação e de conexão entre as áreas do saber é um fator que emperra a realização de Projetos.
Nesse sentido, Hernández (1998) propõe a transgressão e mudança na educação, afim de reorganizar totalmente o currículo escolar. Há tempos a discussão acerca de ideias sobre como desenvolver projetos está na pauta, porém, os currículos permanecem os mesmos e a tentativa de os Anos Finais desenvolverem projetos é uma prática muitas vezes frustrada ou incompleta e a coordenação pedagógica aparece com uma função de grande importância no fazer pedagógico, sendo uma peça fundamental no cotidiano escolar e que precisa ter a 5 capacidade de promover a comunicação entre as disciplinas, bem como o rompimento de práticas fragmentadas.
Carla Riethmüller Haas Barcellos
Professora da Rede Municipal de Ensino de Ijuí, Licenciada em Geografia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Pós-graduada em TIC’s pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM e, Pós-graduanda em Coordenação e Supervisão Escolar pela Universidade Cândido Mendes.
Deise Iara Mensch
Professora das Redes Municipal de Ensino de Ijuí e Estadual do RS, Bacharel e Licenciada em Educação Física pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, Pós-graduada em TIC´s pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM e Pós-graduanda em Orientação do trabalho pedagógico- Orientação Educacional Supervisão e Gestão escolar pela UNINTER.
Paulo Roberto Freitas Barcellos
Professor das Redes Municipal de Ensino de Ijuí e Estadual do RS, Licenciado em História pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Pós-graduado em História e Cultura Afro-brasileira pela Universidade Cândido Mendes.
REFERÊNCIAS
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Tradução: Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1998. 152p. MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Ed. Cortez, 2005. 104p. VASCONCELLOS, Celso dos Santos - Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula, 6.ª ed. São Paulo : Libertad Editora , 2006 VASCONCELLOS, CELSO. O coordenador pedagógico na escola. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal.html?idConteudo=1531 Acesso em 10 de abril de 2017.
Verão 2024/2025 começa hoje, sábado (21)