(Dietas da moda até ajudam a emagrecer rapidamente, mas é difícil mantê-las por longo prazo e depois você tende a ganhar todo o peso novamente, Imagem: iStock)
Engordar, emagrecer e depois voltar a perder peso e ganhar tudo novamente —ou até mais. Popularmente conhecido como efeito sanfona, esse é um ciclo vicioso que para muita gente é difícil de romper. Quase todas as pessoas que fizeram dieta alguma vez na vida sabem o quanto é difícil manter o peso perdido.
Uma das principais razões para isso é fisiológica, já que o corpo considera o estoque de gordura corporal algo importante para nossa sobrevivência e gera adaptações para mantê-lo ou recuperá-lo, como passar a gastar menos calorias para executar suas funções básica ou aumentar o desejo de comer. "É uma defesa do organismo", explica Mário Kehdi Carra, médico endocrinologista e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). Porém, algumas atitudes que você toma durante ou após o processo de emagrecimento também podem contribuir para esse efeito sanfona. A seguir, mostramos alguns erros comuns.
1- Investir em dietas muito restritivas Dietas da moda que sugerem grande redução calórica ou a retirada de grupos de alimentos do cardápio podem até ajuda a perder muito peso em um primeiro momento. Porém, elas são difíceis de manter em longo prazo (ninguém vai ficar tomando shake ou sopa para o resto da vida) e não promovem uma mudança de hábitos definitiva. Então, ao interromper a dieta o peso tende a voltar a subir.
"O paciente em processo de emagrecimento deve focar em uma reeducação alimentar, que vai ajudá-lo a ser capaz de manter um cardápio saudável após emagrecer e a prevenir o ganho de peso", orienta Rosália Padovani, doutora em endocrinologia em metabologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e docente em endocrinologia metabologia da Santa Casa de Misericórdia, de São Paulo.
2- Tomar remédios para emagrecer sem orientação O uso de remédios para emagrecer é um tratamento eficiente no combate à obesidade. Porém, o medicamento sozinho não resolve o problema e o paciente também precisa mudar hábitos alimentares, praticar exercícios e, em alguns casos, até ter acompanhamento psicológico. Daí a importância da orientação de um médico, que irá definir as melhores estratégias. Um erro comum de quem toma remédios para emagrecer sem acompanhamento médico (e às vezes até com) é interromper a medicação assim que alcança seu objetivo. "Se a obesidade é uma doença crônica que não tem cura, o tratamento deve se estender por toda a vida", enfatiza Carra, que explica hoje existem substâncias seguras para a perda de peso, com efeitos colaterais mínimos e que podem ser usados por um longo período quando o paciente recebe orientação orientação.
3 - Exagerar no 'dia do lixo' Muitas pessoas mantêm uma alimentação regrada (ou seja, saudável) durante a semana e se permitem comer de tudo em uma refeição (ou dia) do fim de semana. Alguns especialistas defendem que essa estratégia pode ser eficiente tanto na questão motivacional, já que o indivíduo tem uma motivação para se manter firme na dieta de "segunda à sexta", quanto fisiológica. "Com o dia do lixo, o organismo é enganado e acha que não está somente em restrição calórica. Então, ocorre um aumento no metabolismo que tinha diminuído para se adaptar à dieta (o famoso efeito platô) ", afirma Padovani.
O problema é que muitos exageram nesse "dia do lixo" e, por achar que estão liberados para comer de tudo, consomem calorias demais, colocando a perder tudo o que foi feito durante a semana. Além disso, a tática pode gerar uma compulsão e fazer com que a pessoa até mesmo abandone a "dieta de segunda a sexta". Alguém em processo de emagrecimento precisa aprender a fazer boas escolhas alimentares, a controlar suas vontades e a comer o suficiente para suprir seu desejo, seja na segunda-feira, seja no sábado.
4- Relaxar com a alimentação depois de chegar ao peso ideal A OMS (Organização Mundial da Saúde), juntamente com as sociedades médicas e científicas nacionais e internacionais reconhecem a obesidade como uma doença progressiva crônica, resultante de múltiplos fatores ambientais e genéticos, que a partir do momento em que se instala, não pode ser mais esquecida. Ou seja, se depois de emagrecer pessoa se descuidar da boa alimentação, vai engordar tudo novamente. "Mesmo após alcançar seus objetivos, continue com refeições variadas, coloridas, ricas em alimentos naturais (verduras, legumes, frutas, carne, ovo, peixe, frango) e sem excessos, por toda a vida", admite.
5- Deixar de praticar atividade física O processo de emagrecimento, da mudança no estilo de vida e aquisição de hábitos de vida mais saudáveis devem ter como objetivo a saúde e não somente a estética. Se pensarmos por este lado, não há motivo para abandonar os exercícios que comprovadamente podem trazer tantos benefícios para o corpo e a mente", orienta Padovani. Portanto, após emagrecer, encontre novos objetivos para manter sua rotina de atividades físicas. Você pode, por exemplo, ter como meta completar uma prova de corrida, ou praticar um esporte que goste.
6 - Confundir comer de forma saudável com dieta As pessoas confundem comer bem e saudável com fazer dieta eternamente. Entenda que consumir mais alimentos naturais e evitar doces, refrigerantes, frituras e fast-food não é fazer dieta, apenas comer adequadamente. E isso não quer dizer que nunca mais você poderá saborear alguns alimentos que adora e que não são as melhores opções para a saúde. Tenha em mente que se permitir ter uma extravagância esporadicamente certamente não levará a um ganho excessivo de peso. Mas a rotina desses maus hábitos, sim.
7 - Abandonar o acompanhamento profissional O endocrinologista, o nutricionista, o profissional de educação física, psiquiatra, psicólogo podem e devem acompanhar você após o emagrecimento. Eles vão ajudá-lo a definir novas estratégias (de alimentação, de treinamento física etc.) para a manutenção do peso e de hábitos saudáveis. "É importante ter em mente que quem emagrece não é magro. Está magro. E se manterá assim enquanto tiver um estilo de vida com esse propósito", acredita Marco Antonio De Tommaso, psicólogo e psicoterapeuta pela USP (Universidade de São Paulo), e credenciado pela Abeso.
8 - Não tratar a fome emocional Muitas pessoas descontam suas emoções nos alimentos e acabam comendo demais (e engordando) em momentos de ansiedade ou estresse. Para Marianne Rocha, mestre em ciências, pela Faculdade de Saúde Pública da USP, especialista em nutrição esportiva pelo Cefit (Centro de Estudos e Fisiologia do Exercício e Treinamento) e docente no curso de nutrição na Famesp (Faculdade Método de São Paulo) diz que é importante aprender a controlar as questões emocionais para ter sucesso no processo de emagrecimento.
Além de buscar acompanhamento profissional (psicólogo ou psiquiatra), táticas que ajudam a aliviar o estresse e a ansiedade são grandes aliadas no combate à fome emocional. "Vale desde leitura, meditação, jardinagem até praticar exercícios como caminhar, correr e fazer musculação. Aliando essas estratégias ao entendimento dos motivos que levam à fome emocional, fica mais fácil melhorar os hábitos alimentares e controlar o peso", acredita a nutricionista.
9 - Achar que a bariátrica é uma solução definitiva A cirurgia é extremamente eficiente para a redução de peso. Porém, se após a bariátrica a pessoa não mudar o comportamento alimentar e identificar e tratar as causas que a fizeram engordar, em um prazo não tão longo, pode voltar a engodar. O especialista afirma que em muitos casos, o paciente recebe uma abordagem psicológica insuficiente e por isso retoma, de uma forma ou de outra, a antigos hábitos que o farão engordar novamente. "É preciso tratar a doença emocionalmente para que o paciente se sinta feliz no novo corpo e vença o estigma da obesidade. Por isso o acompanhamento emocional com um psicólogo é tão importante", endossa.
Por, Fabiana Gonçalves | Colaboração para o VivaBem
Texto originalmente publicado no https://www.uol.com.br/vivabem
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