A atual diretoria da Associação Hospital de Caridade de Ijuí (AHCI) está pedindo à Justiça - em caráter liminar de urgência – para que sejam adiadas as eleições do próximo dia 19 de junho.

De acordo com o pedido em curso na 2ª Vara Cível da Comarca da cidade, a atual diretoria busca a não realização/convocação de assembleia geral prevista no Estatuto Social do AHCI, o que determinaria o adiamento do pleito.

A Associação alega que o município está em estado de calamidade pública e deve respeitar as medidas preventivas ao contágio pelo novo coronavírus, mencionando à Justiça os decretos do Estado e do Município existentes referentes à pandemia.

Requer, então, a prorrogação do mandato dos atuais dirigentes por 60 dias (19.set.20), podendo este prazo ser dilato por mais 90 dias (19.dez.20) em caso de o município ainda estar em calamidade pública por causa da pandemia trinta dias antes do prazo inicial pedido (19.ago.20).

O Ijuí News ouviu a opinião de pessoas da administração do hospital, do Conselho Fiscal e da única chapa apresentada até o momento para a eleição – Renova Ação – sobre o caso. A conclusão sugere  uma manobra jurídica na tentativa de que as eleições não aconteçam agora.

Opinião* 

Mas a quem interessa o adiamento das eleições do HCI?

Com presidente afastado pela Justiça, diretoria incompleta, crise financeira sem precedentes, a lógica seria o adiantamento das eleições, não o contrário.

A tentativa de prorrogar os mandatos, adiando as eleições, é de um grupo representando pelo presidente em exercício e pelo presidente afastado do hospital pela Justiça (denunciado por fatos relacionados ao caso dos remédios roubados encontrados no hospital), que busca a permanência por mais tempo do atual presidente interino Cícero Tremea dos Santos. O pano de fundo? A contingência pela Covid-19.

Existe um grupo pronto para concorrer à direção.  A AHCI possui cerca de 746 sócios. Desses, cerca de 150 são falecidos, outros 100 nem residem mais na região. Há, então, aproximadamente 500 sócios aptos ao voto. Assim, a eleição pode perfeitamente ocorrer, tomando-se o distanciamento correto, controle de fila, uso de máscaras, álcool em gel, disponibilidade de voto em cinco ou seis urnas, etc.

É importante ressaltar que pelo estatuto havendo chapa única não é necessária a votação, sendo a eleição feita por aclamação, com a presença de qualquer número de sócios, como na eleição passada, onde não constaram mais de 25 pessoas na assembleia que elegeu a direção atual.

Também como está ocorrendo na Assembleia Legislativa do RS e no Congresso Nacional, existe a possibilidade de participação eletrônica distante, com a utilização de aplicativos gratuitos disponíveis para tal, e o hospital possui capacidade técnica por parte do Departamento de Informática e TI.  

Com o HCI em crise moral, policial, judiciária e financeira de grande vulto, uma manobra destas pode significar a gota d’água na derrocada de nosso amado HCI.

*Abel Oliveira

Imagens/fotos e vídeos: Abel Oliveira / Cópias não autorizadas - Lei nº 9.610/98.