IJUI NEWS - Reflexões de uma educadora em tempos de distanciamento social
Min: 15º
Max: 26º
Predomínio de Sol
logo ijui news
Multas Multas
rad E

Reflexões de uma educadora em tempos de distanciamento social

Por, Meraci Claudieli de Miranda Morais | Educadora

Matéria Publicada em: 30/03/2021

Vivemos tempos desafiadores e porque não dizer difíceis. Para além das novas formas de fazer educação, ou de tentar fazer com que o processo de ensino e aprendizagem aconteça, temos ao nosso redor situações de perdas extremamente significativas para colegas, educandos, famílias.

São tempos de reflexões acerca do que de fato é importante. O que deve ser prioridade nesse tempo que estamos vivendo. Sim! A vida não parou! Continuamos vivendo. É este o momento e o tempo que temos. É o aqui e agora. Temos a certeza de que tanto educadores quanto educandos trocariam suas casas e telas de computadores e/ou celulares pela alegria da escola. Pelas descobertas que nascem diariamente nas salas de aula. Pelos gritos intensos que ecoam durante os tão esperados quinze minutos de recreio. Para as famílias também tem sido um desafio diário, afinal a casa não é escola e os pais/responsáveis não são pedagogos! Aplaudo cada núcleo familiar que tem feito seu melhor para que os filhos acompanhem as aulas e aprendam.

É tempo de acolher. Tempo de ser presença, ainda que estejamos distantes fisicamente. Olhares, sorrisos, histórias transpõem as telas e tocam os corações. Muito mais que preocupar-se com listas infindáveis de conteúdos, é preciso ouvir e ver de maneira atenta e sensível. É preciso dar tempo. É necessário dar-se um tempo. Tempo para avaliar o nosso trabalho enquanto professores de crianças. Avaliar se de fato significamos as aprendizagens, para que de fato elas sejam construídas e aprendidas, pois sem desejo e interesse, não construímos aprendizado.

Diante disso, as competências socioemocionais, que sempre estiveram presentes no processo de ensino e aprendizagem, devem, nesses tempos de distanciamento, ser ainda mais vistas, revistas e vividas. A criança é um ser único, resultado de uma história. Da sua história. É preciso conhecer para só então planejar e seguir lado a lado com o sujeito criança o caminho do aprender. E não esqueçamos que ninguém pode ficar a margem desse processo. Todos devem ser alcançados.

Professores também precisam ser vistos e acolhidos. Também tem necessidade de significar ou ressignificar suas vidas, suas perdas, suas limitações. Precisam se redescobrir. E para isso, precisam uns dos outros, pois é no coletivo que nos constituímos educadores. É coletivamente que somos fortes, para enfrentar as situações que surgem ao longo dos percursos pedagógicos.

As tecnologias aí estão. Postas. Necessárias. Mas nem sempre ao alcance de todos. Sinal ruim. Aparelhos que não comportam aplicativos, plataformas. É preciso, antes de pensar em tecnologias de última geração, conhecer as diversas realidades globais e, principalmente, as locais.

É com essas realidades que nós professores vamos trabalhar. São essas comunidades que nos pedirão auxílio. São estas populações que mais precisam ser vistas e ouvidas sensivelmente. É preciso se reinventar? Sim! Mas nos sejam apontados/oferecidos/indicados caminhos/meios possíveis de serem trilhados. Porque nós queremos aprender! Nós queremos fazer!

Meraci Claudieli de Miranda Morais

Educadora das infâncias e professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental I. Defensora das infâncias e das suas singularidades. Professora da escola pública com respeito, orgulho e responsabilidade!

Brito lateral 2020