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Ateliês na Educação Infantil

Por, Caroline Sakis, Sonia Sakis, Tamires Karlinski | Professoras

Matéria Publicada em: 29/04/2021

Ateliê é um termo Francês utilizado para estúdio, lugar onde é frequentando por pessoas que gostam de criar, espaço onde se pode experimentar, manipular e produzir em suas diversas linguagens. Os Ateliês na educação infantil estimulam a autonomia, descobertas e aprendizados, brincando as crianças se relacionam com o mundo, as pessoas e os objetos, expressam sentimentos, prazeres, exploram o corpo, criam regras e linguagens, assim nas escolas de educação infantil, as crianças têm a oportunidade de protagonizar o brincar em espaços coletivos destinados a elas.

A ideia surgiu no nordeste da Itália, após a segunda Guerra, as mulheres de Villa Cella próxima a Reggio Emília, resolveram erguer e administrar uma escola para os filhos, pois todas as instituições escolares da região haviam sido devastadas. As escolas de Reggio Emília passaram a ser reconhecidas mundialmente na década de 90 pela referência em educação para primeira infância.

Loris Malaguzzi, pedagogo e educador de Régio-Itália foi o criador da ideia, foi este educador quem constituiu um princípio de ensino em que não existem as disciplinas formais e que todas as atividades pedagógicas se desenvolvem por meio de projetos, estes não são planejados pelos professores antecipadamente, eles surgem das ideias dos próprios alunos, e são desenvolvidos por meio de diferentes linguagens. Esta abordagem de Reggio Emília se vincula a tudo o que a linguagem visual pode apresentar.

Quando a ideia dos ateliês foi colocada em prática a intenção de Loris Malaguzzi era criar uma revolução no ensino e aprendizagem em escolas para crianças pequenas. O ateliê foi estabelecido como parte do projeto das escolas de Reggio Emilia, a intenção era ir contra o conceito da educação de crianças pequenas baseadas principalmente em palavras e rituais medíocres.

O ateliê é um espaço que propicia às crianças e professores explorar seus projetos, com pesquisas e experiências. “Muitos dos projetos e pesquisas da escola acontecem nesse espaço, porque este é um lugar especial, uma oficina, um depósito, com objetos e instrumentos que podem gerar fazeres e pensares despertando a 100 linguagens” (BARBOSA e HORN, 2008, p.120). Um aspecto de extrema importância é como esses espaços são organizados, eles enriquecem a abordagem educacional, oferecem e promovem oportunidades para as crianças explorarem seu potencial de aprendizagem social, afetiva e cognitiva.

A metodologia se baseia em princípios de respeito, responsabilidade e participação. A exploração e a descoberta, em um mundo seguro e enriquecedor, estão entre os pilares, que privilegia o desenvolvimento da criatividade e é pautado pelo respeito na relação com a criança pequena.

Neste caso, o ambiente é considerado o terceiro educador, é visto como algo que educa a criança. Este deve ser flexível, passar por modificações constantes a fim de estar sempre atualizado e disposto às crianças, para a construção do seu conhecimento.

Conforme Edwards, Forman e Gandini (1999, p.157)

Tudo o que cerca as pessoas na escola e o que o usam - os objetos, os materiais e as estruturas – não são vistos como elementos cognitivos passivos, mas, ao contrário, como elementos que condicionam e são condicionados pelas ações dos indivíduos que agem nela.

 A centralidade exercida pelas crianças nesse contexto educacional é possível, especialmente, pelo respeito ao seu tempo, para que façam as coisas com vontade, prazer e empenho.

Para Barbosa e Horn (2008, p.17)

A criança seria a protagonista do seu próprio processo de conhecimento e para isso o espaço escolar seria organizado de modo que as crianças pudessem explorar diferentes linguagens. Um espaço que ao mesmo tempo acolha e desafie as crianças, com a proposição de atividades que promovam a sua autonomia em todos os sentidos, a impregnação de todas as formas de expressão artísticas e das diferentes linguagens que possam ser promovidas junto a elas

O papel do professor nesse momento é proporcionar um ambiente para que as crianças possam fazer descobertas será um observador e ouvinte, buscará perceber as estratégias das crianças em cada situação de aprendizagem não interferindo para induzir um entendimento, mas deixando que a criança venha até ele quando sentir necessidade de ajuda. O professor precisa se envolver com a exploração da criança para que possa captar sua ideia e lançá-la de volta.

Nas palavras de Edwards, Forman e Gandini (1999, p. 161)

O papel do professor centraliza-se na provocação de oportunidades de descobertas, através de uma espécie de facilitação alerta e inspirada e de estimulação do diálogo, de ação conjunta e da co-construção do conhecimento pela criança.

Com o trabalho desenvolvido no ateliê o professor aprende a escutar a criança, não apenas o que ela diz, mas o que ela expressa através de suas diferentes linguagens. “Escutar através da observação, da sensibilidade e da atenção em diferentes linguagens” (BARBOSA e HORN, 2008, p.118). Essa escuta engloba um processo de compreensão, organização e reorganização sempre que necessário, assim o conhecimento é produzido na relação com o outro e em colaboração com o contexto da escola e comunidade.

Quando as crianças trabalham em um projeto de interesse para elas, encontram naturalmente problemas e questões que desejam investigar, os professores devem ajudá-las a descobrir seus próprios problemas e questões. Nesse ponto, não oferecem soluções fáceis, mas ao invés disso, ajudam as crianças a focalizar em um problema ou dificuldade e a formular hipóteses. Seu objetivo não é tanto “facilitar” a aprendizagem no sentido de “tornar fácil ou leve”, mas, ao contrário, procurar “estimular”, tornando os problemas mais complexos, envolventes e excitantes.

Para que as crianças possam experimentar, um ateliê deve ser um espaço no qual existem muitos materiais. Embora oferecendo muitas possibilidades, um ateliê deve ser organizado e oferecer condições de trabalho às crianças: mesas de sua altura, espaço no chão, armários organizadores com coleções de materiais ao alcance das crianças, além do que for necessário em determinada escola, cidade e cultura.

São várias as possibilidades de temas para ateliês, por exemplo de “construção” com pregos, parafusos, porcas, martelos, alicates, chaves de fenda, tanto reais quanto de brinquedos, além de “tocos” de lenha, peças de parquet, pedaços de madeiras. De “sons” com instrumentos musicais reais e aqueles materiais que podem se tornar um, como tampas e panelas, colheres, latas, pedaços de madeiras. “Pintura” disponibilizando tintas prontas, tintas produzidas com elementos naturais (beterraba, terra, argila, cenoura) papéis de diferentes tipos, tamanhos, texturas, tecidos, pincéis prontos de diferentes tamanhos, produzidos, com palha e folhas, podendo utilizar também borrifadores seringas, conta gotas. Enfim são várias as opções, em algumas escolas, também existem retroprojetor, computador, multimídia, máquina fotográfica e outros instrumentos que auxiliam no desenvolvimento artístico e de várias linguagens expressivas.

O Ateliê Escolar por mais modesto que seja, ele sempre será um local que pode ser prazeroso tanto para o profissional como para os seus alunos ficarem à vontade para usar suas expressões.

Caroline dos Santos Sakis Peluffe, Sonia dos Santos Sakis, Tamires Karlinski dos Santos Pias

Professoras da Rede Municipal de Educação de Ijuí

REFERÊNCIAS

EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emília na educação da primeira infância. 1º edição. Porto Alegre: Artmed, 1999.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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