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A inflação real no Brasil e suas consequências para o bolso do brasileiro

Por, vereador César Busnello

Matéria Publicada em: 08/06/2021

O mês de maio trouxe aos jornais a manchete da alta do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) no Brasil neste ano de 2021. Conforme dados da Fundação Getúlio Vargas, houve um aumento de 4,10% somente em maio, o que implica em um acúmulo anual de 32,02%! Isso é alarmante, pois o IGP-M, embora seja o indicador mais usado para atualização de obrigações, especialmente na indústria e no mercado de aluguéis de imóveis, por exemplo, nem mesmo é o indicador mais adequado para medir o que chamamos de “inflação real”, ou seja, o aumento de preços que afeta diretamente o bolso do brasileiro. Por ser o IGP-M um índice geral, reflete os rumos da macroeconomia do país, denotando como anda o panorama global da economia – o que, notadamente, não vai bem.

Nesse contexto, outro indicador, mais utilizado para medir a inflação diretamente no bolso do consumidor é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o qual reflete a chamada “microeconomia da inflação”. De acordo com os indicadores atuais, ainda no primeiro semestre de 2021 o IPCA está passando de 5,31%, superando o teto da meta, ora que nos 12 últimos meses teve um total de 6,76%. Reflexo disso é uma maior desvalorização da moeda brasileira, o Real, e aumento nos preços dos bens de consumo final.

Realmente, o trabalhador nem sequer precisa de estatísticas para perceber as consequências da inflação, seja na macro ou na microeconomia, pois sente na pele, no dia a dia, seus efeitos: desvalorização do salário-mínimo e regional, aumento de itens da cesta básica, aumento do preço dos combustíveis e do gás de cozinha. Em relação ao IGP-M, o aumento dos valores dos aluguéis foi vertiginoso, num contexto em que já estava difícil para o brasileiro cumprir com suas obrigações. Agora, por exemplo, o brasileiro tem de pagar quase R$ 6,00 no litro do combustível e quase R$ 100,00 no gás de cozinha. No Rio Grande do Sul, para piorar, foi autorizado o aumento de mais de 12% na tarifa da conta de água da CORSAN. Tudo isso com um salário-mínimo que se manteve em R$ 1.100,00!

A inflação afeta empregados e desempregados, especialmente em meio à crise gerada pela pandemia de Covid-19 que estamos vivenciando, mas não exclusivamente por culpa dela. Não podem os governantes culparem a pandemia pelo descontrole da inflação, pois a realidade é que as suas rédeas foram soltas por outras razões, mais antigas, dentre as quais podemos destacar: a corrupção e desvio de verbas públicas, a falta de estratégias eficientes de distribuição de emprego e renda, o fracasso na cobrança de altos tributos, o desequilibro fiscal, entre outros motivos.

Diante disso, muito mais que um problema econômico, o descontrole da inflação é um grave problema moral, onde os direitos sociais e fundamentais do cidadão são jogados no lixo, transformados em verdadeira piada, pois como falar em direito à alimentação, à moradia, à saúde, ao trabalho, ao lazer nesse contexto? Como esperar que o salário-mínimo possa de fato garantir o mínimo de dignidade existencial ao brasileiro? Muito mais do que prescrições contidas em um documento normativo, esses direitos e tantos outros precisam ser vividos pelo povo. É preciso que, com urgência, o governo brasileiro tome as rédeas da inflação, a fim de evitar tempos de pior resseção econômica que se anunciam.

César Busnello

Vereador em Ijuí

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