Para tudo na vida existe uma maneira de “maquiar os problemas” e não tomar atitudes para dar solução definitiva. Há poucas semanas, o Prefeito de Ijuí, Andrei Cossetin, encaminhou à Câmara de Vereadores um Projeto de Lei para contratar empréstimo de 35 milhões de reais junto à Caixa Econômica Federal, a ser pago em 120 parcelas, no âmbito do programa FINISA – Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento.
De acordo com o Prefeito, o alto valor, que ele considerou “um ato de coragem” da sua Gestão, será usado para aquisição e instalação de lâmpadas de LED para iluminação pública, aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas e rodoviários para o parque de máquinas municipal e contratação de obras de pavimentação de vias públicas urbanas e rurais.
Sabe-se que Ijuí precisa de melhorias, dentre as quais as mencionadas pelo Gestor. No entanto, endividar o Município é uma questão que requer muita cautela, pois pode causar problemas futuros que precisam ser considerados. Destacamos, em primeiro momento, que a operação de crédito (empréstimo) usará como contragarantia à garantia da União muitos recursos que são vitais para a sobrevivência do orçamento municipal, como a participação em impostos federais, participação dos impostos estaduais como ICMS e IPVA e impostos municipais como IPTU, ITBI e ISS.
Ademais, o próprio Projeto de Lei prevê que o Prefeito poderá solicitar créditos adicionais para dar conta dos pagamentos do empréstimo, o que pode implicar em “fazer contas para pagar contas”. Não bastasse tudo isso, o endividamento do Município pode refletir negativamente no PIB, afastar investidores e enganar os eleitores, passando uma ideia distorcida sobre o governo, aumentando a sua popularidade de forma desleal.
Portanto, cabe perguntar: Até que ponto esta “solução” encontrada pelo Prefeito não vai criar mais problemas? Será que o valor a ser pago pela operação de crédito anual não poderia ser investido em melhorias de forma gradual, na medida da disponibilidade dos cofres públicos, sem necessidade de endividamento? Não haverá um grande comprometimento das receitas futuras com o pagamento das dívidas, inviabilizando a prestação de serviços à sociedade e a melhoria dos mesmos? Ainda mais, podemos insistir: Não seria o caso de uma reforma tributária e administrativa para melhorar as contas públicas? Onde está o esforço para atrair indústria e investidores? Adiantará se socorrer aos bancos e, por assim dizer, ir “empurrando com a barriga” os problemas históricos de Ijuí?
Dessa forma, ainda que toda a população ijuiense anseie por melhorias, não podemos nos precipitar. A promessa de inovação da campanha do Prefeito deveria ser lembrada. Coragem não é maquiar problemas, mas sim “cortar na carne” os problemas estruturais, organizacionais e de gestão que Ijuí tem há muitas décadas e, aí sim, entregar ao povo uma gestão eficaz.
César Busnello - vereador (PSB)
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