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Educação Inclusiva na Prática

Por, Giulia Joanessa Wommar Pase

Matéria Publicada em: 06/02/2018

O histórico da Educação Inclusiva no Brasil é permeado por movimentos mundiais a favor da educação para todos, combatendo a discriminação e enaltecendo a necessidade de dar vez e voz à diversidade no âmbito educacional. Entre tantos tratados, acordos, propostas de leis e debates nacionais e internacionais, estamos na constante construção de leis e diretrizes que fundamentem e garantam a escola inclusiva para todas as crianças, sejam elas deficientes, refugiadas, vítimas de violência ou quaisquer outras formas de exclusão.

Nesse sentido, enfatizando a educação inclusiva para alunos com deficiência, o professor tem conhecimento da realidade que vai encontrar em sala de aula, principalmente os educadores que saíram da universidade na última década. Pensando nessa realidade e nesse contexto educacional inclusivo, são necessárias adaptações para que o educador realmente torne a sua aula para todos. Não podemos mais ter a educação inclusiva como um bicho de sete cabeças, uma utopia ou mesmo um muro que separa o educador do aluno incluído ou do restante da turma.

Assim, alguns passos são imprescindíveis para o sucesso do trabalho em sala de aula. Inicialmente, assim como todos os demais alunos, é preciso aproximação do professor. É necessário conhecer o aluno, identificar suas necessidades e traçar metas para o trabalho em sala de aula. O trabalho em conjunto com a família encurta caminhos, pois há a oportunidade de conhecer terapias, rotina e todo o histórico do aluno. É importante ter acesso a diagnósticos (não para rotular o aluno, mas para embasar o trabalho), e essas questões podem ser trazidas pela família em parceria com a escola.

Na escola em si, não é só o professor o responsável pela qualidade da inclusão. A equipe gestora da escola e da rede de ensino precisam assessorar e assegurar formação, capacitação e meios para que o professor consiga realizar seu trabalho diário na sala de aula. Ouvir o professor, seus questionamentos, suas necessidades e seus anseios também fazem parte da equipe que dirige uma escola.

Neste conjunto, também é essencial o trabalho aliado ao Atendimento Educacional Especializado, presente na maioria das escolas. O AEE identifica, elabora e organiza os recursos necessários para a inclusão acontecer na sala de aula, fazendo com que as dificuldades que possam se abrir em sala sejam pensadas coletivamente para que sejam sanadas ou amenizadas. Também é no AEE que o professor encontra materiais alternativos e/ou adaptados para o aluno. É preciso um trabalho coletivo e com diálogo frequente para que os objetivos sejam os mesmos em prol da aprendizagem do aluno.

Também, alguns alunos público alvo da educação inclusiva, contam com um profissional de apoio em sala de aula, seja para o acompanhamento das atividades propostas pelo professor ou nas necessidades da vida diária, como alimentação, higiene e locomoção, ou para ambas as situações. Este profissional faz parte do sucesso da educação inclusiva pois ele está acompanhando o aluno em vários momentos da sua permanência na escola, percebe situações de aprendizagem ou dificuldade que talvez o professor não perceba inicialmente, até mesmo pela complexidade do seu trabalho com o restante da turma.

Após essas compreensões, é possível organizar um plano de trabalho individualizado, que contemple as necessidades do aluno, que evidencie as suas potencialidades e que garanta a possibilidade da sua aprendizagem. Esse plano de estudos norteará o trabalho em sala de aula, lembrando sempre a necessidade de vincular este plano com o conteúdo da turma em si, fazendo as adaptações para o aluno com deficiência.

Com algumas adaptações técnicas, com diálogo entre os agentes envolvidos no processo educacional inclusivo, é possível realizar um trabalho que realmente dê resultados e que garantam a aprendizagem do aluno dentro do contexto do ano escolar que ele se encontra. Mas além de todas essas nuances fundamentais no processo educacional, é preciso sim uma dose extra de sensibilidade, de aproximação e de compreensão por parte do educador.

A educação inclusiva não é um favor, tampouco um pedaço solto dentro da escola. Não possui fórmulas prontas, e cada aluno que chega traz suas características próprias que nos fazem sair da zona de conforto. A educação nos tempos de hoje requer um educador que seja capaz de compreender a complexidade do mundo globalizado, que seja um incentivador da permanência dos alunos na escola e que os faça acreditar que a transformação social, política e humana que tanto necessitamos começa dentro da sala de aula, onde há espaço para todos.

Giulia Joanessa Wommar Pase

Graduada em História. Graduada em Pedagogia. Especialista em Educação Especial Inclusiva.

Profissional de apoio em sala de aula em turmas com alunos com deficiência desde 2010 na Rede Municipal de Ensino de Ijuí/RS.

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