O dia das mães, assim com outras datas comemorativas como Natal, aniversário, dia dos pais, é uma data importante para a maioria das pessoas. E, na medida, em que tem importância, questões e problemas também aparecem no consultório do psicólogo. Todos sabemos que o dia das mães é uma data comercial, ou seja, é uma data criada pelo comércio para vender mais. Segundo dados, é a segunda data em que mais se vende, ficando atrás apenas do Natal.
Mas como vivemos em uma sociedade na qual comprar é uma necessidade, além de um hábito, o dia das mães passa a ser não só uma data para presentear. É uma data de reuniões familiares que trazem à tona as seguintes perguntas:
– O que eu sinto pela minha mãe?
– O que eu penso sobre ela? Quem é ela?
Em termos psicológicos, ao lidar com estas perguntas, estamos lidando com o nosso complexo materno. As ideias – pensamentos – que temos sobre a nossa mãe junto do que sentimos, do nossa afeto. Ter ou não ter uma mãe, ter tido ou não ter tido, de certa forma não muda a importância do complexo materno. A ausência da mãe, pelo motivo que for, também constitui um tipo de complexo materno, assim como a mãe dominadora, que não deixa o filho ou a filha se desenvolver.
Eu disse filho ou filha porque dependendo da estrutura familiar, a figura da mãe será tão forte para um quanto para outro. Pois poderíamos pensar que a mãe influencia mais o desenvolvimento psíquico da filha, o que não é verdade. Os filhos também podem ser “filhinhos da mamãe” ou, no outro extremo, criar uma relação de amor-ódio com a mãe, e por derivação, com todas as mulheres.
Cazuza dizia que só as mães são felizes. É um frase que dá o que pensar…
– Será que minha mãe é feliz?
– Será que ela foi feliz antes de ser mãe? Como ela é como pessoa, tirando o fato de ela ser minha mãe?
Normalmente não pensamos em nossa mãe como uma pessoa à parte, com seus desejos e vontades. É interessante como as crianças ao conhecerem as mães de seus amigos e amigas não chamam a mãe do outro pelo nome, mas a conhecem como “esta é a mãe do Fulano” e “aquela é a mãe do Ciclano”. Como se as mães não tivessem nomes, sendo apenas a mãe de alguém…
Lacan dizia, não sem ironia, que toda mulher é Medeia, toda mulher é parecida com esta figura mitológica grega, que assassinou os próprios filhos depois de ser abandonada pelo pai deles. Porém, o que ele queria dizer é que, em muitos casos, os filhos são substitutos – para a mulher – de seu homem, do pai. Se o pai a abandona, os filhos deixam de ter sentido, e podem ser maltratados, e como no mito, até mortos por ela. O que é relevante neste dizer lacaniano é que muitas mulheres tratam seus filhos pelo modo como são tratadas pelo marido, ou, pelo pai dos filhos. Neste sentido que os filhos são substitutos – do amor – do pai.
Porém, não quero me alongar no que pode ser o pior da figura feminina, da experiência que um indivíduo pode ter com sua geradora. Milhares de mães ao redor do mundo são brilhantes e sabem exatamente como fazer para que seus filhos cresçam saudáveis e felizes. Embora possam ter falhas, como todo ser humano, são pessoas especiais que devem ser admiradas pelos seus méritos. Afinal, levar em si um outro ser humano por 9 meses e cuidar todos os dias na infância e na adolescência não é tarefa fácil.
Só quem é mãe – e talvez quem é pai – pode compreender o que é ter um filho, uma filha. É um mistério…
E você, o que você sente e pensa a respeito da sua mãe?
Professor Felipe de Souza | Relacionamentos
Postagem original: psicologiamsn.com