Muita gente não lê, pois não tem motivação. Motivação pra qualquer coisa só vem quando sabemos qual o sentido da coisa em si. Aqui vai, então, 10 motivos fortíssimos pra você ler, e tornar (e manter) isso um hábito pra sempre!
1 - O cérebro dos leitores é diferente – O cérebro de quem sabe ler, comprado com pessoas analfabetas é bastante diferente. As diferenças são: como os cérebros processam sinais visuais, como entendem a linguagem, como formam memórias, como raciocinam. Segundo Feggy Ostrosky-Solis, psicólogo mexicano, “aprender a ler molda poderosamente os sistemas neuropsicológicos do adulto.” Para Maryanne Wolf, sistemas de planejamento, análise de sons e significados são usados durante a leitura. A atividade nessas áreas triplica quando estamos lendo. Quanto mais uma pessoa lê, mais a leitura se torna automática, liberando espaço cognitivo para analises intelectuais mais profundas. Isso quer dizer que nossa mente decodifica as letras e palavras com mais facilidade e rapidez quanto mais prática temos. Ler se torna mais fácil com o passar do tempo!
2 – A mente não leitora é desfocada por natureza – nossa mente não é feita para ficar focada e em profunda concentração. Porém, essa habilidade é treinada durante a leitura. Nossa mente, por questões evolutivas, foi projetada para prestar atenção a qualquer estímulo externo a todo momento. Isso nos permitia não morrer por ataques de predadores. Como consequência, temos essa tendência mental a ficar passando a atenção entre os milhares de estímulos que percebemos. A leitura treina nossa mente para o foco, para o controle cognitivo e deliberado dos impulsos, sensações. O não leitor é um desatento por natureza, pois é assim que nosso cérebro vem de fábrica. Segundo Vauhan Bell, psicólogo pesquisador, essa habilidade de focar a atenção é uma coisa nada normal na história do desenvolvimento psicológico humano.
3 – O leitor absorve as experiências do livro, ele se torna o livro – As sensações, emoções, sentimentos, experiências e ideias retratadas em uma história são assimiladas pelo cérebro de quem está lendo. Uma pessoa leitora viveu várias vidas em uma só, isso fornece uma grande base de dados emocionais, intelectuais e cognitivos. Uma pesquisa publicada em 2009 na Psychological Science descobriu que:
“os leitores simulavam mentalmente cada nova situação encontrada em uma narrativa. Detalhes sobre ações e sensações eram capturadas do texto e integradas ao conhecimento pessoal de experiências passadas. As regiões cerebrais que eram ativadas muitas vezes espelhavam as regiões ativadas quando as pessoas realizam ou observam atividades semelhantes no mundo real”.
4 – Leitura faz você pensar de um modo crítico – Segundo J.Z. Young, na idade média, fazer afirmações verdadeiras dependia de que seu discurso causasse uma experiência sensorial baseada nos símbolos da religião. Mas quando os livros começaram a superar a transmissão oral, as pessoas começaram a compararargumentos, analisar melhor as observações de cada um e ter mais precisão no processamento das informações. Agora era possível comparar a experiência individual com a experiência dos outros. A mente foi re-criada, e a noção de verdade também. A invenção do livro permitiu a ascensão do método científico e de um novo modo de compreender a existência.
5 – Leitura é autoconhecimento – Você já reparou que quando conversamos com alguém sempre saímos sabendo um pouco mais de nós? Se um amigo seu adora motos você pode acabar percebendo que não gosta muito de motos. Do mesmo modo acontece com a leitura. Quando somos capturados (o nome científico desse estado nos estudos é Experience Taking) por um personagem ao qual nos identificamos aprendemos muito sobre nós. Tanto coisas em comum, quanto coisas que nunca faríamos aparecem numa leitura, quando prestamos atenção nos detalhes, nas motivações, nas emoções e nas personalidades dos personagens. Usamos tudo isso como base para reafirmar nosso senso de identidade e até mesmo para reconstruí-lo baseado no personagem.
6 – Ler aumenta o vocabulário, e vocabulário aumenta a consciência – Pensamos com palavras, então quanto mais palavras soubermos, melhor pensaremos. Estima-se que antes do advento dos livros a língua inglesa contava com alguns milhares de termos. Após a revolução bibliográfica e a invenção de Gutemberg as palavras se expandiram pra mais de um milhão. Novas palavras vão sendo criadas pra explicar novas sensações, novos conceitos, abstrações. A consciência do leitor aumenta na mesma proporção que aumentam as palavras que ele sabe. Já percebeu que o nível de consciência das crianças pequenas é baixo? Na medida em que vão aprendendo outras palavras elas podem dar sentido ao mundo e conseguem perceber seu próprio corpo e sua própria mente. Vão nomeando as coisas.
Mais leitura é mais percepção, mais riqueza de experiências senso-perceptivas.
Jean Bertollo
Psicólogo
Fontes