(O consumo de bebidas alcoólicas pode influenciar nossos ânimos, resgatando emoções vividas ao longo do dia e também ativando sentimentos "guardados")
O choro faz parte das nossas emoções. Ele é símbolo de uma das primeiras expressões do homem e nos acompanha ao longo de toda a vida, em nosso desenvolvimento emocional (ajustado ou não): desde o nascimento, passando pela infância, adolescência, vida adulta, até chegar na terceira idade.
Na infância, por exemplo, é mais comum o choro de tristeza. Depois, com o aprendizado da sensibilidade de percepção do mundo, pode acontecer o choro de alegria. O choro, seja ele de emoções boas ou ruins, é uma demonstração do que se sente.
A maioria das pessoas já viveu momentos em que se sensibilizou de modo alegre ou triste. Com isso, o choro veio, saiu e deixou escancarada a emoção.
Mas e o choro que vem após uma bebida? Não apenas aquele choro pela emoção de fatos que acontecem no nosso dia a dia, mas como se fosse um choro "ativado" pelo álcool, potencializando ainda mais nossas sensações.
Por que o álcool nos deixa mais emotivos?
Para muitas pessoas, o álcool é o caminho mais fácil para ficar à vontade de expressar e extravasar pensamentos e sentimentos. Nem todas as pessoas se sentem confortáveis em lidar com as próprias emoções, muito menos em manifestar o que sente ou o que pensa.
Pessoas tímidas costumam descrever menos timidez após beber, se percebem mais desinibidas, soltas, sem tantas críticas. Já pessoas que não são tímidas também descrevem se sentirem ainda mais leves, menos inibidas, mais confiantes e à vontade para dizer o que pensam, sentem ou desejam.
Não é incomum que as pessoas bebam e, com isso, além de aumentar a facilidade de "pôr para fora" o que sentem, também resgatam emoções passadas, memórias negativas, tristezas e assuntos ainda mal resolvidos.
Às vezes, um término de relacionamento, uma demissão, uma briga, um conflito pessoal pode vir mais facilmente à mente após a ingestão de álcool.
Claro que nem todas as pessoas são iguais e nem todas têm esse perfil emocional para que, a cada copo de bebida, as piores lembranças apareçam em mente. Isso acontece com algumas pessoas, em alguns momentos da vida.
A bebida alcoólica estimula não apenas a parte psicológica, mas também a química do cérebro. Ao compreender os efeitos do álcool na mente humana, se entende que áreas específicas são ativadas e podem produzir sensações de prazer ou de tristeza.
Há quem fique realmente se sentindo deprimido com o álcool. Outros já relatam sensações de relaxamento, bem-estar, alegria ou até mesmo euforia.
Nesse sentido, o álcool pode potencializar e ser um facilitador da expressão do choro. O choro, além de ser uma expressão de tristeza ou emoção positiva, pode ser também uma forma de se extravasar, como um "desabafo do corpo".
Muitas vezes, após o choro, as pessoas se sentem mais relaxadas e depois vem o bem-estar. O álcool pode estender esse trajeto.
De modo geral, existem alguns pontos que fazem a diferença e aumentam a chance de ativar emoções negativas na ingestão de álcool:
Pessoas que já tiveram essa experiência antes (ou seja, alguém que já viveu emoções negativas e expressão de choro após consumir bebidas alcoólicas): quando vivemos esse tipo de situação, passamos a ter uma memória sobre isso e podemos, então, relembrar o que já foi vivido (beber e chorar), ainda que não se queira ter esse pensamento
Pessoas com maior grau de sensibilidade (ou seja, quem já se percebe mais emotivo, com tendência ao choro e expressão mais rápida das emoções): quando alguém já se percebe mais sensível, talvez mais fragilizado emocionalmente, seja por algo pontual que viveu ou não, pode ser que, ao mudar e ativar a química do cérebro com a bebida, as emoções fiquem ainda mais à flor da pele.
Ou seja, o álcool pode contribuir para uma expressão de emoção através do choro, embora não seja recomendado que o álcool seja usado para lidar com as emoções.
Por isso, o mais importante é o autoconhecimento. E que cada pessoa tenha interesse por saber gerenciar a si mesmo, aprendendo a lidar com seus próprios pensamentos e sentimentos.
Ser capaz de organizar nossas lembranças, mágoas, traumas e crenças, faz diferença nas nossas expressões de emoções. O que sentimos nem sempre é fruto do agora, mas, muitas vezes, somos capazes de reagir ao nosso agora com as emoções de outro momento já vivido ou fantasiado.
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Adriana de Araújo
Psicologia - CRP 56802/SP | Especialistas - Minha Vida
Artigo originalmente publicado no minhavida.com.br |acesso AQUI