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Como reagir quando outro "joga na cara" o que fez por você?

Por, Simone Cunha | Colaboração para o UOL/VivaBem

Matéria Publicada em: 04/03/2021

   (Imagem reproduzida do artigo original UOL/VivaBem)

Receber ajuda em um momento difícil pode ser decisivo para dar a volta por cima e, em muitas situações, fica até difícil pagar por este tipo de socorro. Às vezes esse pagamento não tem a ver com dinheiro. O reconhecimento pode não ter valor monetário, mas representa muito e demonstra o quanto somos gratos pela ajuda recebida. Porém, nem todo mundo consegue demonstrar isso de forma efetiva ou quem ajudou nem sempre consegue identificar a gratidão no outro.

A expectativa por um reconhecimento pode gerar uma cobrança sem limite e ser muito desgastante e constrangedora. Nessas situações é importante considerar que estamos falando de relações humanas e temos que compreendê-las no contexto de cada caso. "A maneira como as dinâmicas entre os interlocutores toma forma corresponde não apenas ao tema 'cobrar uma ajuda ou uma dívida', mas também como as pessoas compreendem, vivem e lidam com isso", diz Gustavo Affonso Gomes, mestre em psicologia social e docente da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

Quando a cobrança vem Para Nelson de Mello, pós-doutor em ciências médicas e docente na Univali (Universidade do Vale do Itajaí), se alguém nos joga na cara algo que foi feito, é bom avaliar qual é a importância dessa pessoa em nosso círculo social. Há pessoas que não são muito próximas, como no ambiente corporativo, e muitas vezes o melhor mesmo é se afastar. "É importante avaliar se essa cobrança tem a ver com competitividade, pois um 'obrigado' acaba não sendo suficiente. Tentar retribuir de forma natural em outra oportunidade é uma boa alternativa, mas sem a obrigação de fazê-lo", diz Mello.

Em muitos casos, quem ajudou nem percebe que houve um reconhecimento. Afinal, os valores de cada um são únicos e o que é grandioso para um, não necessariamente é para outro. Isso pode ser muito observado nas relações familiares, por exemplo, por isso Mello sugere que, quando essa cobrança vem de alguém mais próximo, é importante dialogar e se posicionar. "Dependendo da convivência, não dá para afastar ou ignorar a situação, e a dica é entrar em um consenso sobre qual a forma de demonstrar gratidão".

Quanto mais esclarecido, mais fácil pagar em uma moeda que tenha o mesmo valor para ambos. E mesmo sendo difícil, Mello diz que é necessário tentar manter a calma. Tais cobranças costumam surgir em momentos acalorados em meio a alguma discussão. "É muito positivo não tentar revisar nada nesses momentos intensos, e sim voltar ao assunto depois e resolver".

Ajuda deve ter um preço? Assim como sentimos expectativa, outro aspecto que pode surgir na cobrança de um favor é o desejo pelo reconhecimento. "E tudo bem desejar ser reconhecido", diz Gomes. Aliás, isso é inerente ao ser humano. Só não é correto transformar ajuda em moeda de troca. "Se faz esperando retorno, está negociando, emprestando, e não dando", alerta Mello.

Para o psicólogo Antonio Carlos Amador Pereira, docente aposentado da PUCSP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e autor do livro Viver Pode Ser Mais Fácil, esperar por uma retribuição afetiva é natural, pois é gratificante. A pessoa só não pode viver em função disso, em busca de afeto por meio do reconhecimento. "Há casos em que surge uma divida que nunca acaba e o sentimento de ingratidão tende a gerar mágoa e rancor", afirma Pereira.

Portanto, ajudar e demonstrar gratidão são exercícios constantes que merecem ser compactuados com as pessoas envolvidas. Mas os holofotes devem ser dispensados. Cobrar pelo o que foi feito não é correto, no entanto vale sempre esclarecer tais situações para que essa dívida não se perpetue e provoque mal-estar entre as partes.

Simone Cunha | Colaboração para o UOL/VivaBem

Publicação original do artigo AQUI

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