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A Educação e a Escola em tempos de Covid-19

Por, Michele Santos de Oliveira | Educadora

Matéria Publicada em: 13/05/2021

Escola limpa e organizada, foi assim que o ano de 2020 começou... Equipe diretiva, professores e funcionários cheios de sonhos, expectativas e um objetivo comum: mudar a cara da escola e construir juntamente com os alunos aprendizagens e experiências efetivas. O mês de fevereiro seguiu com muitas novidades, colegas novos, estudos, planejamentos coletivos e interdisciplinares, juntamente com o acolhimento aos alunos.

Enfim o ano letivo começou, o cheirinho do café já as 7h15 da manhã, os alunos ansiosos aguardando em seus lugares o sinal e o professor para conduzi-los à sala de aula. Tudo tranquilo, mas até quando?

Em março, enquanto isso, em todo mundo eclodiu a pandemia que ficou conhecida como COVID-19. Após alguns casos positivos e mortes confirmadas no país, o governo do Estado e os municípios decretaram em 17/03/20, o fechamento de todos os estabelecimentos de ensino.

Com isso, seguimos com orientações de encaminhar atividades não presenciais aos alunos. Em abril, com o alerta da área da saúde, manteve-se o fechamento das escolas e continuamos enviando atividades não presenciais pelos meios digitais, sob a orientação de manter o vínculo com o aluno, mantendo-o ativo em sua vida escolar.

Nunca imaginávamos viver um momento assim, foram poucos dias de aulas presenciais antes do fechamento da escola, de forma que a saudade se tornou recíproca entre professores e alunos. De um lado, professores entediados com as tardes silenciosas, por outro, alunos que não chegaram a usar os seus materiais escolares, comprados com muito esforço pelos seus pais. Além da falta da escola e dos colegas de classe.

Todavia, pensar a volta às aulas em meio a mortes e poucas descobertas de cura, seria uma decisão arriscada a ser tomada pelos governantes, vez que estamos pondo em risco a vida de alunos e suas famílias, dos profissionais e suas famílias. A vida como sendo o bem maior a ser protegido pelo nosso ordenamento jurídico. A retomada só seria viável se os custos superassem os benefícios e os benefícios superarem os riscos que teremos que correr.

Ainda assim, apenas algumas horas presenciais mensais por aluno não iria trazer o ano letivo de 2020 de volta. Os prejuízos a serem recuperados em 2021 não são somente no campo educacional, mas no econômico e no emocional, por vidas ceifadas.

Se nos perguntarem como foi o ano de 2020, diríamos que várias sensações foram experimentadas, entre elas, a impotência diante de coisas que não podíamos fazer, diante de incertezas, da imprevisão dos acontecimentos, de planos e sonhos desfeitos, do isolamento não só de vidas humanas, de trocas de afeto, mas do isolamento das nossas próprias ações, do ir e vir, da cabeça que nunca descansa, porque estamos constantemente pensando e repensando ações, estamos, de fato, cansados de indecisões, queremos que tudo isso acabe. 

Nesta perspectiva, o ano de 2021 chegou com rumores da aprovação e liberação das vacinas da COVID-19. Estávamos esperançosos e convictos de que íamos, de fato, virar a página desta história e recomeçar um novo capítulo em 2021. Achávamos que o vírus estaria controlado, a vacina chegaria logo e todos ficariam imunizados. Infelizmente não! Uma nova variante do vírus e menos de 4% da população vacinada. As aulas programadas para o retorno no dia 8/03/2021 de forma híbrida, não ocorreram.

Equipe diretiva, Professores, funcionários e famílias em isolamento por suspeita de infecção pelo vírus, aumento no número de óbitos, superlotação dos hospitais, apelo aos cuidados sanitário, fechamento do comércio e novamente planos e expectativas desfeitas.

Neste cenário, encontra-se a educação. As ações estão sendo tomadas para garantir que o aluno não saia perdendo em termos de aprendizagem. Por isso, este artigo pretende discutir que para uma boa qualidade no processo de ensino-aprendizagem durante o período de isolamento social devem ser considerados três fatores:

O primeiro fator está relacionado com a familiaridade e a formação dos professores na produção de materiais didáticos de qualidade e suas habilidades com o uso de novas tecnologias, além é claro, do acesso que esses professores terão aos meios tecnológicos para produzirem suas atividades.

O segundo fator envolve o acesso que os alunos possuem a um computador e a internet. Ficou evidente que os alunos menos favorecidos, muitas vezes não possuem estas ferramentas em suas casas, e por esse motivo, a escola deve promover meios para inseri-los no processo de ensino-aprendizagem.

O terceiro fator trata-se do aluno que possui o computador em sua casa com acesso a internet e muitas vezes precisa ser motivado para realizar as atividades. O professor precisará desenvolver atividades que motivem esses alunos a realizar tais atividades de modo efetivo e que traga de fato um conhecimento significativo por parte do aluno.

Alguns pessimistas já assinalam a perda de qualidade do ensino ministrado virtualmente, já apontam o risco de se transformar a educação presencial em ensino a distância, demonstrando preocupação quanto à reposição presencial das aulas perdidas. Outros procuram visualizar qual é a potência do que vem acontecendo, ou seja, quais lições poderão tirar desse tempo em que a escola não estava à nossa frente?

Em que pese o ensino virtual não ter a qualidade do ensino presencial, em que pese o aluno ter deixado de aprender uma série de conteúdos programáticos para o seu ano/série, temos que considerar o quanto se aprendeu com o domínio das novas tecnologias por parte de alunos e professores e o quanto se desenvolveu em pesquisa e conhecimento de mundo.

Se pensarmos por esse viés, não perdemos, ganhamos um novo ensino, com novas técnicas, novos desafios. Descobrimos tantas ferramentas de comunicação, assistimos palestras, cursos, de artes, de saúde, afinal, nunca se produziu tanta informação e formação na época da pandemia! E isto valeu a pena!

Por outro lado, o sentimento de família, de diálogo entre pais e filhos, se tornou mais intenso. Passamos a dar valor à solidariedade, ao trabalho, à saúde, à escola, ao tempo e a tantos outros valores menosprezados pela sociedade. E quanta criatividade!!

Não tenho dúvidas de que vamos superar tudo isso, cada qual fazendo a sua parte. Vamos aproveitar para aprender coisas novas e diferentes, de uma forma inovadora. A aprendizagem pode sim ocorrer de forma virtual, mas para que funcione, vai depender do esforço individual.

Tal certeza se baseia na forma inata que a sociedade tem de se reinventar desde os primórdios da civilização, o mesmo acontece com a economia, a religião e a comunicação. E a escola não é diferente.

Michele Santos de Oliveira - Educadora

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