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O Luto, no plural.

Por, Carla Fiorim Comerlato

Matéria Publicada em: 29/11/2016

Cada dor é subjetiva, particular, dependendo da experiência vivenciada. O luto, em particular, é um momento de intensa dor para o sujeito.

Já o luto coletivo é um momento de voltar atrás e rever alguns sentimentos, alguns dos conceitos que fazemos sobre o mundo e as pessoas e como nos relacionamos com elas.

É um momento de extrema solidariedade, onde todos compartilham do mesmo sentimento. A dor da perda é sempre um momento muito doloroso. 

Segundo as leis da natureza, pais morrem antes de seus filhos, mas nem sempre é esse o ciclo que se completa. Quando o jovem vai a óbito precocemente temos uma ruptura de paradigmas nos quais aprendemos a acreditar.

Se perguntarmos a diferentes pais que perderam seus filhos sobre seu sofrimento não conseguiríamos chegar a somente uma resposta ou a uma descrição.

O fato é que cada um sentirá a dor da perda do jeito que as condições lhe permitirem. Não há dor maior ou menor que a outra, seja física ou psíquica. Dor é dor.

É difícil precisar a dor que um pai ou uma mãe sente e tudo que atravessa sua mente e o coração nesse momento. Muitos se perguntam como agir e o que dizer nesta hora. Devemos respeitar, acolher e apoiar.

A dor da perda afeta globalmente o ser humano, e no caso de tragédias pode ocasionar um estado de choque coletivo que pode variar na sua duração, dependendo do vínculo pessoal, caracterizando-se pelo desespero, raiva, irritabilidade, amargura e isolamento.

O luto, no plural provoca uma confusão de sentimentos, pois é um fenômeno que desiquilibra de forma trágica e imprevisível a estabilidade emocional, o ambiente e os vínculos afetivos.

Ansiedade elevada,  depressão intermitente são reações que também podem surgir diante de grandes perdas, dignas de atenção. Depois desse primeiro estágio, a pessoa normalmente passa por um estágio de negação, não quer aceitar o que aconteceu.

Mas percebendo que é inútil tal tentativa, é acometida de profunda tristeza que pode durar até por volta de dois anos, podendo haver reincidência ocasional.

Somente quando se aceita conscientemente a perda, que advém com o tempo subjetivo de cada um, é que a pessoa consegue se abrir para novos investimentos de sua energia, recuperando sua autoestima e valorizando as suas possibilidades.

É preciso então estabelecer novas concepções sobre o mundo, favorecer os investimentos pessoais, (re)construir seus objetivos de vida e reorganizar sua caminhada.

Carla Fiorim Comerlato

Psicóloga e Psicopedagoga na Psicoclínica

F: (55) 3332-7826 (55) 8452-6624

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