(Fabiane Schott - Psicóloga | Eduarda B. Lopes - Estudante)
Eduarda é uma adolescente, que a meu convite, como Psicóloga, e mediante sua autorização, escreveu um relato sobre o que observa diariamente no ambiente escolar referente ao bullying. Assim como outros da sua idade, ela também já foi vítima de bullying, e sabe o quanto é doloroso passar ou ver alguém passar por isso. O bullying é uma das formas de violência que mais cresce no mundo. Pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, em universidades, dentro das famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho. No ambiente escolar a existência do Bullying ocorre devido a pouca ou nenhuma supervisão adulta. Segundo pesquisas, os locais mais frequentes das ações estão nessa ordem: salas, recreios, entradas e saídas.
A seguir, Eduarda relata um pouco da sua experiência e como superou o bullying...
- Eu observo do meu canto como as agressões são frequentes, e como as vítimas se calam e se retraem a tais ofensas e humilhações. Por muito tempo me perguntei por que acontecia frequentemente diante dos olhos de quem deveria fazer algo e não fazia nada. Tais questionamentos nunca obtiveram resposta.
Prestes a completar um ano, na data de 19 de março de 2019, dois jovens entraram em uma escola de Suzano (SP) e mataram sete pessoas, Em seguida, os dois se suicidaram. Segundo familiares, os dois jovens estudaram na escola, e, no período em que frequentavam as aulas sofreram bullying. Então, o bullying foi o grande motivador desse massacre.
Minha dúvida é ate quando vai ser considerado normal? A cultura do bullying inicia por vezes em casa, pelos próprios pais e/ou familiares, ao falarem ofensas, palavras agressivas, expressarem-se de maneira preconceituosa e estereotipada em relação à aparência ou características de alguém, até mesmo dos próprios filhos.
A criança ouve os pais falando e repete esse exemplo/comportamento, como se fosse normal, uma vez que os pais também agem assim. Se os progenitores gritam, agridem os filhos verbalmente ou fisicamente, o que esperar dessas crianças? Como vítimas, elas podem também fazer vítimas, tornarem-se rancorosas, menos afetuosas, e agressivas com as pessoas com quem convive, e praticantes do bullying.
Como bullying entende-se as situações caracterizadas por agressões/violência intencional, seja verbal ou física, ocasionada repetidamente contra alguém em desvantagem de poder, sem motivação aparente e que causa dor e humilhação a quem sofre, podendo levar a vítima a cometer o suicídio. O bullying pode ser praticado por uma pessoa ou mais pessoas contra um ou mais colegas ( na escola ou no trabalho).
Eu fui vítima de bullying e consegui tomar uma atitude, mas infelizmente não é todos que conseguem. Não foi fácil chegar até aqui, mas eu fico feliz de dizer que consegui, e quero que outras pessoas que possam estar vivenciando isso também consigam superar. Hoje eu ajudo pessoas que sofrem ou sofreram bullying, mas sei que isso leva tempo até superar e se sentir bem novamente, pois as pessoas acabam entendendo que aquilo que os praticantes do bullying falam é verdade, quando na verdade não é.
Tem uma frase que eu gosto, e que no meu ponto de vista é verdadeira, que diz o seguinte... “Uma pessoa só critica a imperfeição da outra por causa das imperfeições dela mesmo”.
Eu penso que todos nós precisamos de amor próprio acima de tudo, porque nós somos pessoas maravilhosas do jeito que somos, e como seres humanos precisamos evoluir mentalmente cada vez mais, mas para isso é necessário estar bem com nós mesmos, nos aceitarmos com nossas “imperfeições”, estar em paz com nosso corpo e mente.
Quem sofreu bullying pode apresentar alguns sinais, como por exemplo; isolamento social, depressão, baixa autoestima, ansiedade, queda no rendimento escolar, problemas de estômago, distúrbio de sono, enurese noturna, dores e ferimentos, tentativas de suicídio, resistência em ir à escola, tristeza e autoagressão.
O que a escola pode fazer: investir em prevenção, discutir o assunto com alunos, pais e professores, ter uma sistemática de observação dos alunos, incentivar solidariedade e o respeito, importa-se com o aluno, tomar atitudes diante de qualquer caso de bullying, entender que tem responsabilidade sobre o aluno e desenvolver programas que visem a empatia entre os alunos.
Fabiane Schott
Psicóloga especialista em psicologia jurídica e avaliação psicológica | CRP: 07/2924
Eduarda B. Lopes
Estudante da rede de ensino findamental da Escola Willy Roos | Agudo/RS
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